Redação VOTC

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Quem é Santa Teresa D’Ávila e por que sua obra é tão importante?

O século XVI foi marcado por grandes eventos, como a Revolução Protestante, a descoberta das Américas e a fundação de importantes ordens religiosas. Em meio a esse cenário revolucionário, uma figura singular se destaca: uma mulher espanhola, a quem Deus, segundo muitos, concedeu revelações profundas. Essa mulher é Santa Teresa de Jesus, também conhecida como Teresa D’Ávila.

O que pensar de uma pessoa a quem a Santíssima Trindade teria revelado os mistérios da alma? Santa Teresa, através de seu profundo amor por Deus, foi capaz de detalhar o que ela chamava de “engenharia da santidade”.

Mas, afinal, quem foi Santa Teresa D’Ávila?

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O que você vai aprender neste artigo

  • Santa Teresa de Jesus: quem foi?
  • A Vida de Santa Teresa de Jesus;
  • As Obras de Santa Teresa.

Santa Teresa de Jesus: Quem foi?

Santa Teresa de Jesus não foi apenas uma Carmelita ou Madre de convento. Ela é lembrada como uma verdadeira esposa de Cristo, que viveu de forma profunda as graças e delícias de um Matrimônio Esponsal com o Senhor. Apesar de ter enfrentado desafios e dificuldades ao longo da vida, Santa Teresa nos ensina, por meio de seu exemplo, que “a paciência tudo alcança” e que “só Deus basta”.

Sua vida e suas obras se entrelaçam de maneira sincera e autêntica, oferecendo um modelo claro de alguém que viveu conforme a verdade. Em seus escritos, Santa Teresa compartilhou com simplicidade e clareza as experiências de sua intimidade com Deus.

A Vida de Santa Teresa de Jesus

Teresa de Ávila nasceu em 28 de março de 1515, em um lar profundamente católico. Filha de pais virtuosos, cresceu cercada por um ambiente de piedade e fé. Desde cedo, o gosto pela leitura era incentivado em sua casa, e seus pais costumavam ler para ela e seus irmãos. Fascinada pelas histórias de mártires e pela promessa da vida eterna, Santa Teresa, ainda criança, tentou fugir de casa com seu irmão para buscar o martírio, mas foi impedida por seu tio.

A perda de sua mãe, quando Teresa tinha apenas 12 anos, deixou uma marca profunda em sua personalidade. Apesar da piedade de sua mãe, ela também cultivava o hábito de ler romances de cavalaria, um interesse que foi transmitido para Teresa. Esse gosto literário a levou a se envolver em conversas fúteis com alguns primos, o que preocupou seu pai. Temendo que esse comportamento a desviasse do caminho da fé, ele decidiu interná-la em um colégio de monjas.

O caminho da oração e o ingresso no Carmelo

No internato das monjas agostinianas, Teresa foi guiada por uma irmã que a introduziu à oração e ajudou-a a redescobrir a piedade que tinha em sua infância. Após um ano e meio, Teresa adoeceu e voltou para casa, mas durante esse período começou a considerar seriamente a vida religiosa. Determinada a seguir sua vocação, ela decidiu tornar-se monja, apesar da resistência inicial de seu pai. Com o apoio de seu irmão Antônio, Teresa fugiu de casa para ingressar no Carmelo da Encarnação, em Ávila.

No entanto, sua saúde frágil não permitiu que permanecesse no convento por muito tempo. Após adoecer novamente, ela foi levada para ser tratada por uma curandeira especializada em medicina natural. Durante esse período, um encontro decisivo com um tio a apresentou ao livro O Terceiro Abecedário da Vida Espiritual, de Francisco de Osuna, que transformaria sua vida espiritual.

Primeira Conversão

O contato de Santa Teresa com esta obra marca sua primeira conversão. Mas como assim? uma monja que não era convertida?

Calma, não é bem assim. De fato Santa Teresa já era uma monja, tinha suas orações diárias, cantava o saltério (150 salmos), etc. Mas lhe faltava algo, que ela aprendeu apenas após a leitura dessa obra.

Teresa aprendeu o que era a Oração de Recolhimento.

Aprende com isso a necessidade de ter intimidade com Deus, de aprofundar-se nos mistérios e nas verdades reveladas, do peso de seus pecados e da importância de ter um confessor virtuoso.

O Retorno ao Carmelo da Encarnação

Após um ano tratando sua enfermidade, Santa Teresa voltou ao mosteiro da Encarnação, decidida a colocar em prática tudo o que aprendeu durante seu tempo de recuperação. Embora aplicasse as lições da Oração de Recolhimento, ela enfrentou 18 anos de aridez espiritual e foi atormentada pelo demônio, que sabia do grande benefício que essa monja traria às almas.

Durante esse período, Teresa precisou novamente se ausentar do convento devido a uma nova enfermidade. Foi nessa oportunidade que ela ajudou um padre, seu confessor, a romper com um relacionamento nocivo, auxiliando-o a alcançar uma santa morte.

Ao retornar ao convento, já com grande conhecimento sobre a vida espiritual, Santa Teresa, no entanto, caiu novamente nas tentações da vaidade e nas conversas fúteis no locutório. Durante esse período, ela deixou de rezar.

Ela mesma narra:
“Assim comecei, de passatempo em passatempo, de vaidade em vaidade, de ocasião em ocasião, a meter-me tanto em ocasiões de pecado muito grandes e a andar tão estragada minha alma em muitas vaidades, que eu já tinha vergonha de voltar a me aproximar de Deus em tão particular amizade como é a conversa da oração.”

Santa Teresa sentia vergonha de se aproximar de Deus por conta de suas vaidades. No entanto, foi impulsionada por aquilo que chamou de “Determinada Determinação”. 

Com isto passou a temer menos e desprezar o demônio.

Ela conclui:
O que foi contado serve para que o verdadeiro servo de Deus dê pouca importância a esses espantalhos que esses demônios põem para dar medo. Saibam que, a cada vez que damos pouca importância a eles, ficam com menos força e a alma mais senhora de si.”

A Segunda conversão

Há um episódio decisivo na vida de Santa Teresa.
Um dia, ao olhar para uma imagem do “Ecce Homo”, que mostra Cristo apresentado pelo imperador Pôncio Pilatos ao povo judeu após Sua flagelação, Santa Teresa passou a nutrir uma forte devoção ao Cristo ensanguentado.

Em outra ocasião, debruçando-se sobre um crucifixo, perguntou a Jesus:
— Senhor, quem Vos colocou aí?

Então, ela ouviu o próprio Cristo responder:
— Foram tuas conversas no parlatório.

Esse episódio transformou radicalmente a vida de Santa Teresa. Ela teve o que chamou de sua “Segunda Conversão”. Após 20 anos como monja, Santa Teresa finalmente se converteu definitivamente, tomando a decisão de não olhar mais para trás e empregar todas as energias necessárias no caminho da perfeição.

A Reforma do Carmelo

Com seu firme propósito de viver seriamente a vida cristã e motivada pela “determinada determinação”, Santa Teresa começou a se incomodar com a forma como as coisas eram conduzidas no Carmelo da Encarnação.

No mosteiro, havia muitas monjas que não seguiam o conselho evangélico da pobreza. Algumas possuíam empregadas e viviam com certos confortos. Santa Teresa se opunha a isso e desejava ardentemente viver a austeridade praticada pelos primeiros carmelitas.

Diante da dificuldade de prosseguir com esse ideal no Carmelo da Encarnação, Teresa pediu permissão para fundar um novo mosteiro com mais quatro monjas. Assim, foi fundado em Ávila o Mosteiro Carmelita de São José, a primeira fundação de Santa Teresa de Jesus. Essa fundação marcou o início da Reforma da Ordem do Carmo e a criação dos Carmelitas Descalços.

No Convento de São José, Santa Teresa e suas irmãs passaram a viver de forma mais austera, dedicando-se completamente à vida de recolhimento, mortificação e oração.

A partir de sua segunda conversão, Santa Teresa não reformou apenas a ordem da qual fazia parte, mas também transformou sua própria vida. Esse marco espiritual a levou para as quartas moradas do caminho espiritual e para a vida mística.

As obras de Santa Teresa

As fundações

Ao falar de obras podemos pensar que só devem ser contabilizados os ensinamentos que Santa Teresa pôs no papel. Porém, não é assim. A Obra Teresiana é maior que isto.

Teresa ao fundar o mosteiro de São José, passa a viver de forma mais estrita a regra dos antigos carmelitas. Suas filhas, é assim que a Santa se refere a suas companheiras, veem com os próprios olhos os extraordinários fenômenos que acontecem com a Madre.

Estes fenômenos fazem a admiração por Santa Teresa aumentar. Como consequência disso muitas moças procuravam o mosteiro para poder viver como Teresa.

Santa Teresa vê a necessidade de aumentar a sua obra para comportar, de forma organizada, todas as monjas que chegavam para serem carmelitas descalças.

Então Teresa, com grande trabalho e dedicação, fundou outros mosteiros. Com ajuda de São João da Cruz reformou também o ramo masculino da ordem.

Santa Teresa de Jesus fundou no total 17 mosteiros e auxiliou na criação de dois conventos. Seus empreendimentos em suas fundações estão registrados no seu livro chamado “As fundações”.

O Livro da vida

Santa Teresa escreveu esta autobiografia a pedido de seus confessores. Nesta obra ela explica, por força de obediência, às experiências místicas com que foi agraciada por Deus.

Esta obra chegou a ser censurada pela inquisição espanhola e o texto que temos hoje não é o mesmo da primeira versão. Embora a própria Santa Teresa tenha entregado a obra pedindo que as partes que merecessem fossem rasgadas ou mudadas.

Este é o principal documento que temos para conhecimento de sua vida. Santa Teresa narra muitos episódios de sua vida, desde sua infância até grandes arroubos místicos no auge de sua caminhada.

O Caminho de Perfeição

Esta obra nasce após as monjas descalças observarem e se impressionarem com os fenômenos que aconteciam com sua Santa Madre.

As irmãs viram que todas as experiências místicas aconteciam a partir da oração. Observando isso, as monjas pediram a Santa Teresa o mesmo que os apóstolos pediram a Jesus.

Elas pediram: – Madre, ensina-nos a rezar.

Como resposta, Santa Teresa de Jesus compôs este tratado sobre a oração. Onde explica os vários estágios da oração, seus deleites, suas características e como progredir.

Nesta obra é preparado o terreno para a oração. Santa Teresa explica que é necessário adquirir algumas características para poder progredir. Separa os tipos de oração e como progredir e crescer neste caminho.

Santa Teresa escreveu muitas outras obras como pequenos tratados e muitos poemas.

A Obra Teresiana é uma imagem perfeita daquilo que ela viveu. Assim como nas “Confissões” de Santo Agostinho, todo trabalho desta Santa é decorrente de sua experiência.

É uma prova de obediência e sinceridade de uma monja que com muito sacrifício e paciência obteve do seu Divino Esposo, os deleites do caminho de perfeição.

Outra característica importante nas obras de Santa Teresa, é que apesar de ela escrever para suas monjas, é nítido que o Leitor principal que ela quer atingir é o próprio Deus.

Ela se preocupa se o ofende e escreve de um modo que não Lhe oculte nada, mesmo Ele conhecendo tudo.

Conheça a Ordem Terceira

Santa Teresa D’Ávila é um exemplo singular de fé, perseverança e devoção, cujas experiências místicas e realizações espirituais deixaram um legado profundo para a Igreja e para todos os que buscam uma vida de intimidade com Deus. 

 

Se você deseja aprender mais sobre a vida e os ensinamentos de Santa Teresa, continue acompanhando nosso conteúdo e acesse a página de artigos da Venerável Ordem Terceira do Carmo – Esplanada.

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