São Josemaria Escrivá de Balaguer (1902–1975), sacerdote espanhol e fundador do Opus Dei, é um dos grandes mestres da vida espiritual do século XX.
Canonizado por São João Paulo II em 2002, sua missão consistiu em mostrar que a santidade não está reservada a poucos eleitos, mas é chamada de todos, vivida no meio do mundo, no trabalho, na família e nas pequenas lutas diárias.
Através de obras como Caminho, Sulco e Forja, Escrivá oferece um guia luminoso e prático para quem deseja seguir a Cristo com inteireza de coração.
Seus ensinamentos, cheios de vigor evangélico e bom senso cristão, continuam a inspirar milhares de fiéis ao redor do mundo.
Neste artigo, você poderá conhecer 18 temas diferentes que ele trata em seus escritos.
A Oração: Silêncio que Fala a Deus
Para São Josemaria, a oração verdadeira exige recolhimento e atenção amorosa:
“Devagar. — Repara no que dizes, quem o diz e a quem. — Porque esse falar às pressas, sem lugar para a reflexão, é ruído, chacoalhar de latas.” (Caminho, 85)
Inspirando-se em Santa Teresa de Ávila, ele nos recorda que não basta mexer os lábios: é preciso colocar a alma diante de Deus.
Mortificação: Amor que Não Dói o Próximo
A mortificação, para Escrivá, é expressão de amor, e não de dureza. Ela começa em nós, não nos outros:
“Procura mortificações que não mortifiquem os outros.” (Caminho, 179)
É um sacrifício que purifica e eleva, mas sem ferir os que nos cercam.
Penitência: Mil Motivos para Amar
A penitência cristã tem raízes profundas na caridade e na reparação:
“Motivos para a penitência? Desagravo, reparação, petição, ação de graças; meio para progredir… por ti, por mim, pelos outros, pela tua família, pelo teu país, pela Igreja…” (Caminho, 232)
Ela é uma resposta generosa ao amor redentor de Cristo.
Propósitos: Concretos e Cumpridos
A vida espiritual não se alimenta de idealismos, mas de decisões firmes:
“Faz poucos propósitos. — Faz propósitos concretos. — E cumpre-os com a ajuda de Deus.” (Caminho, 249)
É no concreto que Deus age e transforma.
Vida Sobrenatural: O Olhar Elevado
Quando se perde o sentido sobrenatural, tudo perde sabor e força:
“Se perdes o sentido sobrenatural da tua vida, a tua caridade será filantropia… e todas as tuas obras, estéreis.” (Caminho, 280)
São Josemaria nos convida a olhar com os olhos da fé, com “olhos de eternidade”.
Estudo: Oração da Inteligência
Para um católico comprometido com o mundo, o estudo também é um caminho de santidade:
“Para um apóstolo moderno, uma hora de estudo é uma hora de oração.” (Caminho, 335)
A formação culta e profunda é parte do apostolado cristão.
A Igreja: Corpo Vivo de Cristo
Ao professar a fé na Igreja, o coração se detém reverente:
“Compreendo essa tua pausa quando rezas, saboreando: Creio na Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica…” (Caminho, 517)
A Igreja não é mera instituição: é Mãe e Esposa de Cristo.
Discrição: Silêncio Frutuoso
Em um mundo ruidoso, a discrição torna-se uma virtude esquecida:
“Como é fecundo o silêncio! […] Sê discreto.” (Caminho, 645)
O silêncio é espaço interior para a escuta de Deus e do próximo.
Alegria: Fruto da Procura de Deus
A tristeza é sinal de que algo precisa ser purificado:
“Laetetur cor quaerentium Dominum — Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor.” (Caminho, 666)
A verdadeira alegria nasce da busca sincera de Deus.
Pequenas Coisas: A Santidade do Ordinário
A santidade está no que parece pequeno aos olhos do mundo:
“Cumpre o pequeno dever de cada momento; faz o que deves e está no que fazes.” (Caminho, 815)
Essa é a espiritualidade do cotidiano, que transforma o comum em extraordinário.
Audácia: Humildade com Maria
A audácia cristã nasce da confiança e da humildade:
“Recorre a Maria […] e saberás responder com um fiat! — faça-se! — que una a terra ao Céu.” (Sulco, 124)
Com Maria, o impossível torna-se caminho de fé.
Sofrimento: Amor Que Transfigura a Dor
O sofrimento cristão não é lamento, mas entrega amorosa:
“Quando há Amor, o sacrifício é prazeroso […] e a cruz é a Santa Cruz.” (Sulco, 249)
A cruz de cada dia, quando assumida por amor, gera paz e alegria.
Trabalho: Santuário da Presença de Deus
O labor humano é campo fecundo de santificação:
“Na simplicidade do teu trabalho habitual […] tens que descobrir […] a grandeza e a novidade: o Amor.” (Sulco, 489)
Tudo pode ser ofertado como oração.
Vontade: Decisão e Generosidade
O progresso espiritual depende da firmeza da vontade:
“O necessário não é a devoção sensível; mas a disposição decidida e generosa da vontade.” (Sulco, 769)
A fé se vive com coragem e perseverança.
Paz: Confiança em Deus Pai
A paz interior nasce do abandono filial:
“Fomenta […] o espírito de confiança e de abandono na amorosa Vontade do Pai celestial…” (Sulco, 850)
É essa paz que nada nem ninguém pode roubar.
Responsabilidade: Só Deveres Diante de Deus
Na presença de Deus, reconhecemos a nossa missão:
“Sentir-te-ás plenamente responsável quando compreenderes que, em face de Deus, só tens deveres.” (Sulco, 946)
A maturidade espiritual exige consciência e entrega.
Luta: Santidade como Combate Diário
A santidade não é estranha: é luta concreta e constante:
“Santo!, que não é fazer coisas esquisitas: é lutar na vida interior e no cumprimento heróico, acabado, do dever.” (Forja, 60)
Cada dia é campo de batalha e de vitória.
Eternidade: O Olhar Que Transforma
Com os olhos fixos no Céu, tudo se relativiza:
“Deves olhar […] com olhos de eternidade.” (Forja, 996)
A eternidade ilumina o tempo presente e o enche de sentido.
São Josemaria Escrivá nos ensina que a santidade é possível — aqui e agora — por meio da oração sincera, do trabalho oferecido, da luta constante e do amor vivido nas pequenas coisas.
Seu legado é um convite à grandeza escondida na vida comum, à busca da união com Deus no silêncio do dever cumprido.
Com Maria e sob a guia da Igreja, sigamos, com audácia e paz, o caminho que nos leva ao Céu.