A Assunção de Nossa Senhora, o dogma.

Redação VOTC

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No texto a seguir você encontrará pontos importantes da tradição Católica que resumem o Dogma da Assunção de Nossa Senhora. Para que seja bem compreendida esta grande devoção de fé, além da explanação do que é efetivamente um dogma, trazemos as palavras do Santo Magistério que dão o tom de santidade ao tema para que toda a Igreja, o corpo místico de Cristo, ame mais e mais a Santa Mãe de Deus: a Virgem Maria, incomparável serva de Deus na obediência e fé.

Como imaginar que aquela escolhida por Deus, prefigurada no Gênesis como a inimiga de Satanás e em Apocalipse como a Mulher vestida de Sol e com a lua aos seus pés, sofresse a degradação de uma morte terrena? Maria, a mulher da profecia, em sua assunção aos céus nos mostra o quão é digna das promessas de Cristo.

O que você encontrará neste artigo:

O SENTIDO DA PALAVRA “DOGMA”

O DOGMA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

O que é ASSUNÇÃO?

MARIA E SUA ASSUNÇÃO AOS CÉUS

O DOGMA E OS PAPAS

O SENTIDO DA PALAVRA “DOGMA”

A palavra “dogma” tem origem Grega (dogma, opinião, doutrina) e, segundo o “Novo Léxico para a Teologia Dogmática Católica“, possui o seguinte significado para a Igreja Católica:

” É uma proposição eclesiástica de fé e doutrina que interpreta uma verdade revelada por Deus de forma normativa, esclarecedora e relacionada à atualidade, servindo-se de uma linguagem cunhada pela Igreja.” (Bottigheimer, 2015)

Assim, por se dizer, o dogma é proclamado pelo Santo Magistério ou pelo Papa em suas atribuições “ex-cathedra“.

O Catecismo da Igreja Católica (CigC) em seus verbetes &88 e &89 nos orienta:

88. O Magistério da Igreja faz pleno uso da autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando propõe, dum modo que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, verdades contidas na Revelação divina ou quando propõe, de modo definitivo, verdades que tenham com elas um nexo necessário.

89. Existe uma ligação orgânica entre a nossa vida espiritual e os dogmas. Os dogmas são luzes no caminho da nossa fé: iluminam-no e tornam-no seguro. Por outro lado, se a nossa vida for recta, a nossa inteligência e nosso coração estarão abertos para acolher a luz dos dogmas da fé (54).

Também nos diz o grande Teólogo Gerhardt Muller, citando Anselmo de Canterbury (Prosl. 1: Credo ut intelligam):

“Do ponto de vista formal, a Dogmática nasce da necessidade racional de transmitir a orientação de Deus, percebida no ato pessoal de fé como verdade e vida do ser humano, de uma maneira racional de acordo com o conhecimento natural da realidade do mundo”

Assim, deve-se ter em mente que um dogma, para a Igreja Católica é uma “verdade absoluta, definida, imutável e inquestionável.” (Aquino, 2011)

O DOGMA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

Em primeiro de novembro de 1950, a Santa Igreja Católica, através de seu amado servo, o Papa Pio XII,cujo lema de seu pontificado era: “A Paz é obra da Justiça”, proclama o dogma da assunção de Nossa Senhora onde a Virgem Maria sobe aos céus, de corpo e alma.

O QUE É ASSUNÇÃO?

Assunção é a forma passiva da palavra “Ascenção”, ou seja, enquanto ascender indica uma ação ativa e própria de quem o faz, assunção significa que algo (ou alguém) é ascendido, mas não por suas próprias forças. Em nosso contexto podemos afirmar que é testemunho de fé dos apóstolos, a ascensão de Jesus Cristo aos céus por eles presenciada e declarada em Lucas 24:50-51 e em Atos 1:9-11.

MARIA E SUA ASSUNÇÃO AOS CÉUS

A história da Igreja nos conta que, desde 1849, chegavam ao Vaticano inúmeros pleitos vindos de todas as regiões do mundo para que a Assunção de Nossa Senhora fosse proclamada como doutrina de fé.

Assim, finalmente, a assunção de Maria Santíssima aos céus é proclamada pelo Papa Pio XII, através da constituição Apostólica “Munificentissimus Deus“, no seguinte texto:

“Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu”.

O dogma se dá como resposta ao exame minucioso das Santas Escrituras e da Sagrada tradição da Igreja onde está afirmado que Maria, como imaculada (sem pecado), não passara pelas agruras da morte física, pela corrupção dos corpos que ocorre quando o fio da vida se vai ao “término da carreira” (II Tm, 4), parafraseando o Apóstolo dos gentios.

Ao invés de encontrarmos a palavra da “morte de Maria”, os santos Padres da Igreja, transmissores da Tradição Católica, dizem “Dormição” para que fique claro o entendimento que a Santa Mãe de Deus, naquele momento derradeiro de romper o fio com sua vida terrena, apenas “dorme” de forma doce e breve, sendo assunta aos céus por anjos, em corpo e alma, mas agora, em corpo glorioso.

O Dogma e os Papas

Posteriormente, o dogma da Assunção de Nossa Senhora também é amplamente defendido como verdade de fé também ser confirmada pelos grandes papas Paulo VI, Joao Paulo II e Bento XVI.

Paulo VI nos diz, em sua exortação apostólica “Marialis Cultus“, de fevereiro de 1974:

“A solenidade de 15 de agosto celebra a gloriosa Assunção de Maria ao céu; festa do seu destino de plenitude e de bem-aventurança, da glorificação da sua alma imaculada e do seu corpo virginal, da sua perfeita configuração com Cristo Ressuscitado.”

Joao Paulo II, por sua vez exalta o dogma da santa Assunção de nossa senhora em sua Homilia feita em 15 de agosto de 1980, por ocasião da solenidade da Assunção de nossa senhora, nos falando da doce dormição de Maria como preparação para encontrar seu filho:

“A Assunção de Maria é dom particular do Ressuscitado à Sua Mãe. Se, de facto, «aqueles que são de Cristo» «receberão a vida» «à Sua vinda», então é justo e compreensível que esta participação na vitória sobre a morte, a experimente precisamente Ela em primeiro lugar, Ela a Mãe; Ela que é «de Cristo» da maneira mais plena: com efeito também Ele pertence a Ela como o Filho à Mãe. E Ela pertence-Lhe a Ele: é, de modo particular, «de Cristo», porque foi amada e remida de modo completamente singular.

Aquela que, na sua mesma conceição humana, foi imaculada – isto é, livre do pecado, cuja consequência é a morte – pelo mesmo facto, não devia acaso ser livre da morte, que é a consequência do pecado? Aquela «vinda» de Cristo, de que fala o Apóstolo na segunda leitura de hoje, não «devia» acaso realizar-se, neste único caso de modo excepcional, por assim dizer «de repente», isto é, no momento da conclusão da vida terrestre? Por isso, aquele termo da vida que para todos os homens é a morte, no caso de Maria, a Tradição justamente lhe chama antes dormição”.

Por fim, Bento XVI, com sua tradicional profundidade teológica, faz uma memorável homilia em 2012, por ocasião da solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria, retratando a proclamação do Dogma da Assunção como resultado da “força motriz” protagonizada pelo culto devota a Santa Mãe de Deus, que não poderia de forma alguma, por justiça ao amor de Deus por sua escolha, experimentar a corrupção do corpo:

“No dia 1 de novembro de 1950, o Venerável Papa Pio XII proclamava como dogma que a Virgem Maria, «concluindo o curso da vida terrena, foi elevada à glória celeste em alma e corpo». Esta verdade de fé era conhecida pela Tradição, afirmada pelos Padres da Igreja, e representava sobretudo um aspecto relevante do culto prestado à Mãe de Cristo.

Precisamente o elemento cultual constituiu, por assim dizer, a força motriz que determinou a formulação deste dogma: o dogma manifesta-se como um ato de louvor e de exaltação à Virgem Santa. Isto sobressai também do próprio texto da Constituição apostólica, onde se afirma que o dogma é proclamado «em honra do Filho, para a glorificação da Mãe e o júbilo de toda a Igreja». Assim, exprime-se de forma dogmática aquilo que já tinha sido celebrado no culto e na devoção do Povo de Deus, como a mais elevada e estável glorificação de Maria: o acto de proclamação da Assunção apresenta-se quase como uma liturgia da fé.

E no Evangelho que há pouco ouvimos, a própria Maria pronuncia profeticamente algumas palavras que orientam nesta perspectiva. Ela diz: «Doravante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada» (Lc 1, 48). Trata-se de uma profecia para toda a história da Igreja. Esta expressão do Magnificat, mencionada por são Lucas, indica que o louvor à Virgem Santa, Mãe de Deus, intimamente unida a Cristo seu Filho, diz respeito à Igreja de todos os tempos e de todos os lugares.

E a anotação destas palavras por parte do Evangelista pressupõe que a glorificação de Maria já estava presente no período de são Lucas e que ele a considerava um dever e um compromisso da comunidade cristã para todas as gerações.

As palavras de Maria dizem que é um dever da Igreja recordar a grandeza de Nossa Senhora para a fé. Por conseguinte, esta solenidade é um convite a louvar a Deus e a contemplar a grandeza de Nossa Senhora, porque é no rosto dos seus que nós conhecemos quem é Deus”.

CONCLUSAO

O dogma da assunção de Nossa Senhora é uma verdade de fé tão perfeita que foi instituída e defendida por teólogos, Papas e Santos (João Paulo II, Paulo VI). A grande sabedoria que nos é oferecida pelo magistério, unida a mais de dois mil anos de tradição, nos garante a condição única de fiéis crentes nos dogmas proclamados pela Santa Sé.

Não diferentemente de tantos outros dogmas proclamados pela Igreja, a assunção de Nossa Senhora nos traz a esperança como resultado da fé. Esta esperança é materializada em Maria como grande serva de Deus que, em sua humildade aguardou pacientemente retornar a Jerusalém celeste para com Cristo em corpo e alma. Em sua fé, ela nos traz o exemplo perfeito do que Jesus proclama na parábola do semeador: “Outras, enfim, caíram em terra boa: deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por um.” (Mt 13:8) e: “A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto: cem por um, sessenta por um, trinta por um.” (Mt 13-23)

Maria é aquela terra fértil onde a semente da salvação foi plantada, que disse seu “fiat” sem temor, com fé e esperança, sem exigências ou condições.

Me agrada pensar que Maria, em seu caminho com destino ao Paraíso, fitando os céus, entoava cânticos de louvor a Deus, em especial aquele que ela humildemente compartilhou com sua prima Isabel e que nos relata São Lucas, o apóstolo chamado por Paulo em sua epístola ao povo de Colossus como “O caríssimo médico” (Col 4:14):

“A minha alma engrandece o Senhor,

e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador!

Porque olhou para a humildade de sua serva,

doravante as gerações hão de chamar-me de bendita!

O Poderoso fez em mim maravilhas,

e Santo é seu nome!

Seu amor para sempre se estende,

sobre aqueles que O temem!

Manifesta o poder de seu braço,

dispersa os soberbos;

derruba os poderosos de seus tronos

e eleva os humildes;

sacia de bens os famintos,

despede os ricos sem nada.

Acolhe Israel, seu servidor,

fiel ao seu amor,

como havia prometido a nossos pais,

em favor de Abraão e de seus filhos para sempre!” (Lc 1, 46b – 55)

Salve Maria Santíssima, rainha da paz, assunta aos céus!!

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