Mês das Vocações – A Paternidade Espiritual

Redação VOTC

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A Paternidade espiritual

A seguir, caro leitor, você encontrará uma abordagem importante sobre a paternidade espiritual. É normal haver alguma indecisão sobre a paternidade espiritual e a fisiológica, social, mas após apreciar este artigo, acreditamos que o leitor estará mais preparado para poder fazer melhor juízo sobre o assunto. Assim então iremos abordar as responsabilidades do pai quanto a espiritualidade de sua prole, direta e indireta.

Importante ter em mente que, quando falamos em paternidade espiritual, não se deve limitar o entendimento somente apontando a paternidade familiar, mas também estender o conceito a nossos sacerdotes.

O que você encontrará neste artigo:

  • A Paternidade – Vocação
  • A Paternidade – graça divina
  • A Paternidade Espiritual na Família
  • Um exemplo da Paternidade Espiritual na família: São José
  • Os Sacerdotes – Pais espirituais
  • A Paternidade Pastoral e espiritual – Palavras do Papa

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A Paternidade – Vocação

A vocação à paternidade vai mais longe e é mais digna do que se imagina.

Ter vocação para a paternidade significa ser mais do que o transmissor de uma herança genética para sua prole. É um verdadeiro chamado de Deus para que colaboremos com seu plano de Criação e, como grande honra e missão, apresentar-se a família, e aos filhos como a primeira imagem que eles farão de Deus. Por este motivo a vocação deve ser alimentada e cuidada com responsabilidade ímpar.

Ser pai não significa ser somente sustento físico para a Família e ser lembrado no “Dia dos Pais”, mas sim, alçar voos maiores e mais responsáveis trazendo aos pés, como águias, seus filhos em direção à vida. Protegendo-os e cobrindo eles daquilo que é necessário (verdadeiramente) para que possam alçar seus próprios voos quando a primavera de suas vidas chegar.

Aliás, retornando ao assunto da comemoração do “Dia dos pais”, por curiosidade, cabe dizer que este marco surgiu nos EUA por volta no século XIX, criada por uma mulher chamada Sonora Luise Smart, para honrar seu pai, William Jackson, por ele ter assumido o papel de pai e mãe na família uma vez que sua esposa faleceu e o deixou com a responsabilidade do completo sustento da família. Naquele país, o “Dia dos Pais” acontece em 19 de junho, data natalícia de William.

Por sua vez, o “Dia dos Pais”, em terras brasileiras, é celebrado em outra data: no segundo domingo de agosto. Mas não foi sempre assim. Em 1953 a data escolhida por Sylvio Behring, era 16 de agosto em homenagem à vocação de São Joaquim, pai de Nossa Senhora e avô de Jesus. Comenta-se que a data comemorativa foi mudada para que os comerciantes tivessem maior “aproveitamento” de suas vendas.

A Paternidade – graça divina

A paternidade é assunto discutido, muitas vezes até entre nós Católicos, dentro de um espectro um tanto imediatista onde os aspectos da sustentação financeira e intelectual dos filhos em preparação para que eles “soltem as suas amarras e se lancem no oceano da vida” em muito tomam prioridade (e quase única) quanto a definição do que é ser “pai” e sua missão frente a família. Indubitavelmente o pai, como sustentáculo nutrício da família, é parte importante do sucesso do desenvolvimento de sua casa de forma equilibrada e continuada, todavia não se pode somente definir que ser pai é ser o alicerce financeiro da família.

O Catecismo da Igreja Católica (CigC) instrui os fiéis Católicos a atentarem para definições importantes a respeito da paternidade e as responsabilidades que lhe são conferidas:

&2221. A fecundidade do amor conjugal não se reduz apenas à procriação dos filhos. Deve também estender-se à sua educação moral e à sua formação espiritual. O «papel dos pais na educação é de tal importância que é impossível substituí-los» (II Concílio do Vaticano, Decl. Gravissimum educationis, 3: AAS 58 (1966) 731). O direito e o dever da educação são primordiais e inalienáveis para os pais (Cf. João Paulo II, Ex. ap. Familiaris consortio, 36: AAS 74 (1982) 126).

&2222. Os pais devem olhar para os seus filhos como filhos de Deus e respeitá-los como pessoas humanas. Educarão os seus filhos no cumprimento da lei de Deus, na medida em que eles próprios se mostrarem obedientes à vontade do Pai dos céus.

&2367. Chamados a dar a vida, os esposos participam do poder criador e da paternidade de Deus (Cf. Ef 3, 14-15; Mt 23, 9). «No dever de transmitir e educar a vida humana -dever que deve ser considerado como a sua missão própria – saibam os esposos que são cooperadores do amor de Deus e como que os seus intérpretes. Cumprirão, pois, esta missão, com responsabilidade humana e cristã» (II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 50: AAS 58 (1966) 1071.).

Assim, à paternidade humana, aquela conferida ao homem por graça divina, é conferida uma missão sublime que é a de educar os filhos para a vida eterna, na busca do céu e do amor supremo que só pode ser oferecido por Deus.

A Paternidade Espiritual na Família

O Compendio da Doutrina Social da Igreja (DSI) quando nos fala da Família como Santuário da vida, traz a importância do que é a dimensão espiritual da procriação humana a qual a nossa lembrança precisa necessariamente recorrer para não sermos omissos quanto a missão divina da Paternidade:

&237 Os pais, como ministros da vida, não devem nunca esquecer que a dimensão espiritual da procriação merece uma consideração superior à reservada a qualquer outro aspecto: “A paternidade e a maternidade representam uma tarefa de natureza não simplesmente física, mas espiritual; através dela, passa realmente a genealogia da pessoa, que tem o seu princípio eterno em Deus e a Ele deve conduzir”. (Joao Paulo II – Carta às Famílias – Gratíssimam Sane, 10, AAS 86 (1994) 881.

R.P. Monjardet, em sua obra “A Espiritualidade do Lar”, dirige-se aos pais os conclamando a saírem do lugar comum e alçarem voos mais altos e sublimes em direção à paternidade divina, nos dizendo que esta é a origem de todas as outras:

“Dirijo-me a todos os que trazem esse nome de pai, sob qualquer título que seja. Não se pode separar a ideia de paternidade espiritual da de paternidade temporal; elas dividem

entre si essa participação completa da paternidade divina que dá a toda e qualquer outra paternidade o seu nome e a sua realidade no céu e na terra”.

Digo que todos aqueles que são pais, na ordem temporal ou na ordem espiritual, devem fazer a si mesmos esta pergunta: “Ubi est honor meus 7′ Onde? Sem dúvida naqueles que devem dar-me essa honra e de quem devo exigi-la. Mas ubi est, onde está ela, como está ela em minhas convicções, em meu espírito e em meu coração? “

Um exemplo da Paternidade Espiritual na família: São José

São José, o pai nutrício de Jesus Cristo, certamente é um dos bons e ternos exemplos de paternidade espiritual na família. Sua história de vida, pelo pouco que podemos recuperar dos evangelhos, lhe confere particular respeito da comunidade local como varão, artífice e por sua descendência da Tribo de Davi e Salomão. Suas atitudes frente às situações de risco as quais ele vivenciou, trazem à tona o que é ser um homem bom, justo, a ponto de sacrificar sua reputação para que uma menina, dada a ele em matrimônio e que se apresenta grávida de forma inexplicável (até que o anjo Gabriel lhe assegure que o fruto no ventre de Maria foi concebido pela ação do Espirito Santo“(Mt 1, 18-24), não fosse submetida à lei de Moisés que previa que o adultério da mulher seria punido com apedrejamento, até a morte.

A relação de paternidade que José tinha com Jesus influenciou de tal modo sua vida a ponto de a futura pregação de Jesus estar repleta de imagens e referências retiradas precisamente do imaginário paterno. A característica de José de saber se colocar de lado, sua humildade, que é também a capacidade de ocupar um lugar secundário, talvez seja o aspecto mais decisivo do amor que José demonstra por Jesus“, disse o Papa Francisco, em entrevista a um periódico da cidade do Vaticano, em janeiro de 2022.

Ainda em um outro ponto da entrevista ele conclui: “A relação espiritual é uma daquelas relações que precisamos redescobrir com mais força neste momento histórico, sem nunca a confundir com outros caminhos de natureza psicológica ou terapêutica”.

Os Sacerdotes – Pais espirituais

Os Sacerdotes, nossos pais espirituais.

Desde os primeiros passos em direção ao sacerdócio, os presbíteros experimentam uma vida austera, repleta de responsabilidades e cujas limitações muitas vezes fazem com que desistam pelo caminho e trilhem outras sendas em direções que sejam menos árduas, como a de serem leigos consagrados ou buscarem a Teologia como forma de estudo e trabalho. Ainda há quem realmente desista de sua vocação e siga em caminhos comuns a jovens de sua idade, no mundo.

São João Maria Vianney, o patrono do sacerdócio, com precisão define muito bem a paternidade espiritual do Sacerdote e a relação íntima com Deus que confere aos padres faculdades únicas de proximidade com a Santíssima Trindade e com Maria Santíssima. Mais do que homens vestidos de preto e com seus missais à mão, a estes filhos amados de Maria Santíssima é atribuída a hercúlea missão de ser o pastor dos rebanhos concedidos por Cristo aos seus cuidados. Vejam o que o Cura D’Ars nos diz:

“Além da paternidade biológica temos também a espiritual, sendo uma tão importante quanto a outra. Somente a paternidade espiritual, ou seja, o sacerdote pode nos conceder a graça divina. Os sacerdotes são feitos para os confessionários, nos dando acesso ao sacramento da confissão, e para o altar, nos dando acesso ao sacramento da Eucaristia. Isso nos leva ao caminho da graça cotidiana que se for vivido da forma mais pura, coerente e frequente nos aproxima da santidade. Além disso, o pai espiritual tem o papel de sempre de nos auxiliar em nossa dificuldade e nos aproximar cada vez mais de Deus e da nossa salvação.”

E acrescenta:

Assim podemos ver que no sacerdócio também há um belíssimo chamado a paternidade, a qual tem inúmeros filhos para cuidar, sem esquecer-se do zelo e autoridade dentro de tua casa, a Santa Igreja. São João Maria Vianney dizia que “Se soubéssemos bem o que é um padre na terra, morreríamos: não de medo, mas de amor.”

A coragem dos Padres frente às suas missões muitas vezes traz para si a alcunha de herói e, verdadeiramente, de queridos pais espirituais, nominados pelo seu rebanho pastoral em locais distantes e inóspitos.

Dom Álvaro Portillo, sucessor de São José Maria Escrivá na Opus Dei, em seu encontro com os sacerdotes, religiosos e religiosas, consagrados e seminaristas em Santiago do Chile, em 16 de janeiro de 2018, traz à tona a delicada importância dos Sacerdotes como “Pais espirituais” de seus fiéis:

“… seria injusto não reconhecer que tantos sacerdotes, de maneira constante e íntegra, oferecem tudo o que são e têm pelo bem dos outros (cf.

2 Cor 12, 15) e vivem uma paternidade espiritual capaz de chorar com os que choram; há inúmeros padres que fazem da sua vida uma obra de misericórdia em regiões ou situações frequentemente inóspitas, remotas ou abandonadas, mesmo a risco da própria vida. Reconheço e agradeço o vosso exemplo corajoso e constante que, em momentos de turbulência, vergonha e sofrimento, nos mostra que vós continuais a entregar-vos com alegria pelo Evangelho”.

A Paternidade Pastoral e espiritual – Palavras do Papa

Em 12 de Junho de 2013 o Papa Francisco, em Celebração da Santa Missa na Capela de Santa Marta, o Papa Francisco abordou o tema da Paternidade espiritual convidando os Sacerdotes a refletirem sobre a Paternidade Espiritual e suas nuances. Ele disse que “os sacerdotes devem viver intensamente a paternidade espiritual, devem ser verdadeiros pais também com paternidade pastoral, porque a isso estão chamados e é um dom que Deus lhes concede”.

Mais adiante, em sua homilia, o Santo Padre relembra que o “desejo da paternidade” está registrado nas fibras mais profundas de um homem. E um presbítero, disse o Papa, não é uma exceção, ainda quando seu desejo esteja orientado e vivido de maneira particular.

“Quando um homem não tem este desejo, falta alguma coisa neste homem, alguma coisa aconteceu. Todos nós, para sermos plenos, para sermos maduros, temos que sentir a alegria da paternidade: inclusive nós os celibatários. A paternidade é dar vida a outros, dar vida, dar vida… Para nós, será a paternidade pastoral e espiritual: mas é dar vida, converter-se em pais”.

Salve Maria Santíssima, Mater Intemerata!!

Ite ad Joseph!

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