O Sacramento do Batismo – Respostas as perguntas do mundo de hoje

Redação VOTC

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É muito comum ouvir algum amigo, ou amiga de trabalho, do futebol, da academia dizer que neste final de semana irá num batizado e lá vai ter churrasco, ou bolinho ou o que seja.

Também não é incomum que alguém busque a você para que seja padrinho ou madrinha de seu filho, ou filha com um discurso interessante: “Olha, gostaríamos de te convidar a ser padrinho (ou madrinha) de nosso filho (filha) e desde já temos de avisar que, se você “topar” vai ser necessário que faça um curso, “chatinho”, mas necessário que a Igreja Católica “exige”. Você se incomodaria de fazer este curso?

Batismo de Jesus

A essência do batismo como sacramento é tão grandiosa quanto…negligenciada. Isto ocorre talvez por ignorância das pessoas ou por omissão da própria Igreja que, ao invés de se ocupar em promover catequeses e formação católica essenciais para o povo de Deus, consome tempo e recursos com envolvimento em ações políticas polarizadas e em defesa de ideologias amplamente combatidas pela própria Igreja.

Nas próximas linhas o leitor se encontrará com uma reflexão que o convidará a repensar (ou, felizmente, reforçar) seus conceitos sobre o que é o Sacramento do Batismo e a sua importância, vital, para a salvação das almas.

O que você encontrará neste artigo:

  • O Sacramento. A visão da Igreja tradicional.
  • Os sinais sensíveis
  • O Sacramento do Batismo. O que mudou?
  • O que o Batismo faz?
  • Então sou batizado e fico “impermeável” para sempre?
  • Com tantos dons e graças, por que as pessoas não estão mais batizando seus filhos?
  • O que fazer, então?


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O Sacramento. A visão da Igreja tradicional.

O Catecismo Romano, aprovado no Concílio de Trento nos diz que o termo Sacramento é bem maior do que uma simples palavra existente no dicionário. Segundo este compêndio, na antiguidade havia confusão sobre o entendimento do termo, sendo inclusive considerado como uma “obrigação” de quem jura prestar algum serviço.

Por este motivo chamava-se “compromisso militar” (Sacramentum Militare) o juramento, pelo qual os soldados se comprometiam a servir fielmente ao estado. Porém os Padres Latinos utilizavam em seus escritos a noção “sacramento”, para designar a coisa sagrada, que se oculta ao olhar; corresponde este sentido ao que os padres Gregos exprimiam com o termo “mistério”. Complementando se lê, no mesmo livro: “Nestes lugares, e em muitos outros, cumpre notar que o termo Sacramentum designa apenas uma coisa sagrada, inteiramente oculta. [Catecismo Romano, p.200].

No mesmo sentido, nos parece claro que os sacramentos pertencem à categoria daqueles meios, pelos quais se logra a salvação e a justificação.

Santo Agostinho, em sua obra Cidade de Deus nos fala que “O Sacramento é o sinal de uma coisa sagrada”. E da mesma forma ele nos fala em seu De Cathecizantis Rubdibus: “O Sacramento é o sinal visível de uma graça invisível, instituído para a nossa justificação”

O querido Sacerdote e Doutoro em Educação, o Padre Leo Trese ainda nos diz que a definição exata de Sacramento é: “um sinal sensível e eficaz da graça, instituído por Jesus Cristo para santificar as nossas almas”.

Vemos imediatamente que esta breve definição contém três ideias distintas: “Um sinal sensível” é a primeira delas; “instituído por Jesus Cristo”, a segunda; e “da graça”, a terceira.

Os sinais sensíveis

Os sinais sensíveis sãoa forma escolhida por Deus para nos tratar de acordo com a natureza humana que temos: proporciona a sua graça invisível à nossa alma espiritual por meio de símbolos materiais que os nossos corpos materiais podem perceber – coisas, palavras, gestos.

Nos sinais que constituem a parte material de um sacramento, a teologia formal distingue dois elementos. O primeiro é a “coisa” que se utiliza, que denominam matéria do sacramento, como por exemplo derramar água na cabeça daquele que é batizado.

É perceptível que esta ação, por si própria, não teria significado se o seu propósito não se manifestasse de algum modo. Sozinha, passaria por uma ação meramente humana e sem maior (ou nenhum) efeito. Devem estar presentes também algumas palavras ou gestos que lhe deem significado.

A este segundo elemento do sacramento – as palavras ou gestos que dão significado à ação que se realiza – chama-se a forma do sacramento.

No sacramento do Batismo, a aplicação da água é a matéria; as palavras “Eu te batizo em nome do pai, do filho e do Espírito Santo” são a sua forma. E as duas juntas constituem o sinal sensível.

O Sacramento do Batismo. O que mudou?

Nada mudou. De fato, nada deveria ter mudado.

A Igreja Católica, desde sempre, nos ensina que herdamos o pecado original de nossos primeiros pais, Adão e Eva e que sim, nascemos em pecado não por algum ato deliberado de um recém-nascido, mas pela nossa origem que sucumbiu ao mal causando uma desordem em toda nossa existência.

Com seu amor sem medida, Deus dignou-se conceder a cada indivíduo a oportunidade de recuperar o dom que Adão havia falhado em conseguir para o gênero humano como um todo. O próprio Deus, na Pessoa de Jesus Cristo, ofereceu a reparação infinita pela infidelidade e desobediência de sua criatura. Sendo Deus e Homem, Jesus eliminou o abismo entre a humanidade e a Divindade.

Para restaurar essa herança perdida na alma da criança (uma alma saída das mãos de seu Pai e objeto do amor do Pai), Jesus instituiu o sacramento do Batismo. O Batismo é o meio instituído

Pelo filho de Deus para que seja aplicado a cada alma de forma individual e única a reparação do pecado original que ele nos obteve por sua morte, morte de Cruz.

Jesus não nos força a receber o seu dom, esse dom de vida sobrenatural que ele nos conseguiu por seu preciosíssimo sangue derramado. Ele o oferece com todo o interesse, porém cada um tem que aceitá-lo de forma espontânea e livre. E essa aceitação realiza-se quando recebemos o sacramento do Batismo.

O que o Batismo faz?

O sacramento do Batismo confere a primeira graça santificante, pela qual é perdoado o pecado original e os atuais, se estes já existem (logicamente em um recém-nascido, não). Ele redime toda a pena por eles devida; nos imprime o caráter de cristão, nos torna filhos de Deus, membros da Igreja, herdeiros da glória do céu e nos habilita a receber os demais sacramentos da Igreja.

Leo Trese nos diz:

“…Quando Deus desce à nossa alma no Batismo, a nova vida (a chamada graça santificante) que ele imprime à alma é real e verdadeiramente uma participação na própria vida divina.”

Agora, como nunca, Deus pode amar essa alma, porque ela, como alguém que depois de um trabalho árduo na lama se deixa banhar por águas límpidas e puras, apresenta pela primeira vez um aspecto realmente digno do seu amor. Esta alma passa a refletir, como num espelho, o próprio autor da criação.

Ao sermos batizados, recebemos a vida sobrenatural (a graça santificante) que preenche o vazio espiritual do pecado original; e a nossa alma fica selada com uma qualidade permanente e distintiva a que chamamos o caráter ou marca do Batismo.

Então sou batizado e fico “impermeável” para sempre?

Não. Entra aqui o livre-arbítrio e suas consequências.

Se depois de batizados pecamos mortalmente, interrompemos a nossa união com Deus e a sua graça santificante, a exemplo de uma artéria principal que quando rompida, interrompe o fornecimento de sangue, vital, que o coração envia aos órgãos.

Aqui nós perdemos a graça santificante, porém permanece o caráter batismal, que está estampado em nossa alma para a eternidade. Exatamente por Deus muito nos amar e termos ganho este caráter batismal, somos habilitados a recuperar a graça perdida através de outro Sacramento, que não é objeto deste artigo, mas faz parte da imensa graça de Deus, que é o sacramento da Penitência, que devolve à vida espiritual, a nossa alma.

Com tantos dons e graças, por que as pessoas não estão mais batizando seus filhos?

Não é uma novidade o crescimento proposital da descristianização em nossa sociedade onde são discriminados e ridicularizados aqueles que procuram a castidade, o verdadeiro namoro, o matrimônio e ter filhos, enfim ter uma família verdadeira. Aqui, o ato de batizar os filhos perdeu espaço e importância na agenda das pessoas e passou a ser, quando existe, algo somente cosmético, para causar talvez alguma satisfação entre os parentes e amigos, mas nada além disto.

É possível notar que o combate a instituição da família em todas as suas dimensões, sociais, materiais e espirituais tem agenda e plano bem determinado e nota-se como são atacadas de forma covarde as raízes da Cristandade Católica, como a missa, os sacramentos, os sacerdotes enfim, a igreja como corpo místico de Cristo.

O ataque contra o sacramento batismal quer seja de forma sorrateira, velada ou explicita tem suas raízes no modernismo, nas falácias dos regimes totalitários comunistas que pregam que a “religião é o ópio do povo” e visão tirar o homem do caminho da graça e jogá-lo onde realmente se quer: na escravidão do pecado e no ateísmo enfim, em direção ao inferno que muitos sacerdotes já deixaram de pregar, entregues a o seu deserto espiritual particular: a falta de fé.

Também cabe ter um olhar crítico para a evasão de Católicos para outras denominações Cristãs, cujo entendimento do propósito do batismo é diferente daquele que nos é ensinado, fruto da desordem da própria igreja calcada em Pedro como promessa de Cristo, onde ao invés de levar adiante a Santa catequese, os sacramentos, a Patrística, Apologética e a vida celibatária, os seminários se esforçam em propagar a teoria da libertação, Marx, Marcuse, e até Paulo Freire (pasmem…).

O que fazer?

Nos cabe uma reflexão importante num momento tão delicado pelo qual passamos em nossos dias de hoje: Iremos apenas cruzar os braços e deixar as coisas correrem como estão? Será que Cristo e a Igreja verdadeira não podem contar conosco pois temos receio das retaliações que certamente virão quando formos a frente, como verdadeiros Católicos e falarmos apenas a verdade?

Não. Cabe a cada Católico buscar o conhecimento, a palavra, a formação digna e verdadeira através dos documentos da Igreja e ensinamentos de nossos doutores perpetuados através de sacerdotes dignos e fiéis a sã doutrina para assim termos elementos fortes e definitivos para  levar adiante, de forma valorosa e corajosa, aquilo que nunca mudou e nunca deverá mudar: a essência dos Sacramentos e, em muito especial, o Santo Sacramento do Batismo, porta infinita para todos os outros sacramentos que nosso Senhor nos deixou.

Como São Josémaria Escrivá nos dizia em seus escritos (Amigos de Deus):

“A vocação cristã, que é um chamamento pessoal do Senhor, leva cada um de nós a identificar-se com Ele. Não devemos esquecer-nos, porém, de que Ele veio à Terra para redimir o mundo inteiro, porque quer que os homens se salvem. Não há uma só alma que não interesse a Cristo. Cada uma lhe custou o preço do seu Sangue”

Ad Maiorem Dei Gloriam!

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