Liturgia das horas: como rezar e por que

Redação VOTC

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No silêncio da madrugada, na correria do meio-dia, no cair da tarde e até no recolhimento da noite, há sempre vozes elevando orações a Deus.

A Liturgia das Horas, também chamada Ofício Divino — é a oração oficial da Igreja que santifica o tempo e une céu e terra no mesmo louvor.

Mais que um simples conjunto de orações, a Liturgia das Horas é um convite a viver em sintonia constante com Deus, como lembra o Concílio Vaticano II: “A oração cristã deve ser feita sem cessar” (cf. 1Ts 5,17).

Descubra, neste artigo, o que é a Liturgia das Horas, como rezá-la e por que ela é essencial para santificar o dia. Guia prático e histórico para leigos, religiosos e sacerdotes.


História da liturgia das horas

A Liturgia das Horas nasceu do costume judaico de rezar em horários fixos (cf. Sl 55,17; At 3,1). Desde os primeiros séculos, a Igreja manteve esse ritmo, que se desenvolveu nos mosteiros e foi se aperfeiçoando ao longo da história.

Momentos importantes de sua evolução incluem:

  • Concílio de Trento (século XVI) – Uniformizou a oração no rito latino.
  • São Pio X (1911) – Reformou a distribuição dos 150 salmos semanais.
  • Pio XII e João XXIII – Modernizaram rubricas e traduções.
  • Concílio Vaticano II (1962-1965) – Tornou a Liturgia das Horas acessível a todo o povo de Deus.
  • Paulo VI (1970) – Promulgou a forma atual, com o Saltério dividido em quatro semanas.

 

Estrutura da liturgia das horas

A Liturgia das Horas é dividida em momentos chamados Horas Canônicas, cada um com um sentido espiritual próprio:

1. Laudes (Oração da Manhã)

  • Louvor e consagração do novo dia.
  • Inclui salmos, cânticos, leitura breve, súplicas e o Pai-Nosso.

2. Hora Média

  • Terça, Sexta ou Noa (manhã, meio-dia e tarde).
  • Recorda a presença de Deus no trabalho e na vida diária.

3. Vésperas (Oração da Tarde)

  • Ação de graças pelo dia que termina.
  • Inclui salmos, cânticos, leitura breve, súplica universal e Pai-Nosso.

4. Completas (Oração da Noite)

  • Exame de consciência e entrega do descanso a Deus.

5. Ofício das Leituras

  • Pode ser rezado em qualquer horário.
  • Inclui leituras bíblicas e patrísticas para aprofundamento espiritual.

 

Por que rezar a liturgia das horas?

Rezar a Liturgia das Horas traz benefícios espirituais profundos:

  • Santificação do tempo – Cada hora se torna um encontro com Deus.
  • Comunhão com toda a Igreja – Une o fiel ao louvor universal.
  • Contato constante com a Palavra de Deus – Grande parte da Bíblia é lida e meditada ao longo do ciclo.
  • Enriquecimento da oração pessoal – Os salmos e as leituras inspiram a meditação.

 

Quem pode rezar a liturgia das horas?

Embora seja obrigatória para sacerdotes e religiosos, a Liturgia das Horas é recomendada a todos os fiéis.
O Concílio Vaticano II incentivou fortemente que leigos a incluam na rotina, pois ela expressa a verdadeira natureza da Igreja em oração.

 

Como rezar a liturgia das horas?

Passo a passo para iniciantes

  1. Escolha um horário fixo – Comece pelas Laudes (manhã) e Vésperas (tarde).
  2. Use um livro ou aplicativo confiável – No Brasil, a edição oficial é Liturgia das Horas da CNBB.
  3. Siga a sequência – Invocação inicial, hino, salmos, leitura breve, súplica e Pai-Nosso.
  4. Reze com calma – Dê tempo para meditar nos salmos e nas leituras.
  5. Aumente aos poucos – Inclua a Oração da Noite e, depois, o Ofício das Leituras.

A liturgia das horas como estilo de vida

Mais que um dever, a Liturgia das Horas é um caminho de santidade.
Ao rezá-la, você entra no compasso do Céu, unindo a sua voz à de Cristo e de toda a Igreja:

“A oração da Igreja é, ao mesmo tempo, a oração de Cristo com seu Corpo ao Pai” (Sacrosanctum Concilium, 85).

Santificar as horas é transformar o relógio em sacrário e o dia em oferenda.

 

Em comunhão com toda a Igreja

Se você deseja aprofundar sua vida espiritual, começar a rezar a Liturgia das Horas é um passo decisivo.
Ela é, como dizia Paulo VI, “um sinal maravilhoso da Igreja em oração”.
E, ao incluí-la no seu dia, você descobre que não reza sozinho — mas em comunhão com toda a Igreja, no tempo e na eternidade.

 

 

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