Imagine uma jovem humilde de Nazaré, escolhida por Deus para ser Mãe do Salvador, cuja vida de entrega e amor culmina na glória eterna ao lado de seu Filho.
Essa é Maria, Nossa Senhora Rainha, cuja devoção nos convida a contemplar sua elevação como soberana do céu e da terra.
Neste artigo, exploramos a origem dessa devoção, o significado de sua memória litúrgica, as razões por trás de títulos como Rainha da Igreja, dos anjos e dos apóstolos, a importância de sua realeza para os fiéis e uma oração para honrá-la.
A origem da devoção a Nossa Senhora Rainha
A devoção a Nossa Senhora como Rainha remonta aos primeiros séculos da Igreja, enraizada na Bíblia e na tradição patrística.
No Antigo Testamento, a rainha-mãe ocupava um lugar de honra ao lado do rei, como em 1 Reis 2,19, onde Betsabé senta-se à direita de Salomão.
Os Padres da Igreja, como Santo Efrém, no século IV, chamavam Maria de “Rainha do Universo”, vendo nela a nova Eva que reina com Cristo, o novo Adão.
Essa devoção floresceu na Idade Média, com hinos como o Salve Regina (século XI), que suplica à “Rainha, Mãe de misericórdia”.
No século XX, Pio XII instituiu a festa de Maria Rainha em 1954, com a encíclica Ad Caeli Reginam, coroando-a como Rainha do Céu e da Terra.
Por que a Igreja celebra a festa de Maria Rainha em 22 de agosto?
A memória litúrgica de Maria Rainha, celebrada em 22 de agosto, é uma extensão da Assunção (15 de agosto), onde Maria é elevada ao céu como Rainha.
Pio XII, na Ad Caeli Reginam, explica que, como Mãe do Rei dos reis, Maria participa da realeza de Cristo de forma única, sem rivalizar com Ele.
Essa festa reforça a doutrina da Assunção, proclamada em 1950 (Munificentissimus Deus), onde Maria, livre do pecado original, é coroada Rainha.
Liturgicamente, a data celebra a vitória de Maria sobre o pecado e a morte, inspirando os fiéis a buscarem a santidade.
Como diz o Concílio Vaticano II em Lumen Gentium (n. 59), Maria é “exaltada pelo Senhor como Rainha do universo, para que se conformasse mais plenamente ao seu Filho”.
Essa memória nos lembra que a realeza de Maria é um chamado à esperança eterna, convidando-nos a viver como súditos de seu Reino de amor.
Títulos de Maria Rainha: Igreja, anjos, apóstolos e mais
As expressões como “Rainha da Igreja”, “Rainha dos Anjos” e “Rainha dos Apóstolos” surgiram na tradição litúrgica e devocional para honrar aspectos distintos da maternidade espiritual de Maria.
Cada título reflete uma faceta de sua intercessão: como Rainha da Igreja, ela guia os fiéis à unidade com Cristo; como Rainha dos Anjos, ela comanda as hostes celestes em proteção aos humanos; como Rainha dos Apóstolos, ela inspira a missão evangelizadora.
Esses títulos, listados na Litania de Nossa Senhora aprovada por Sisto V em 1587, evoluíram ao longo dos séculos.
Por exemplo, “Rainha dos Apóstolos” destaca o papel de Maria no Cenáculo (At 1,14), onde ela orava com os discípulos.
Já “Rainha dos Anjos” vem de visões como a de Isaías 6,2, onde anjos servem ao Senhor.
Esses epítetos não diminuem a soberania de Cristo, mas exaltam Maria como cooperadora no plano divino, convidando-nos a confiar em sua realeza materna.
A realeza de Maria: o que significa para os fiéis?
A realeza de Maria não é um título honorário, mas uma verdade espiritual que nos ensina sobre o amor de Deus.
Como Rainha, ela intercede com poder junto a seu Filho, como em Caná (Jo 2,1-11), onde sua súplica transforma água em vinho.
Pio XII, na Ad Caeli Reginam, explica que sua coroação reflete sua participação na Redenção, tornando-a Mãe e Rainha da Igreja.
Espiritualmente, isso nos inspira a viver como súditos de um Reino de paz e justiça, confiando na intercessão de Maria para superar desafios.
Como diz São João Paulo II, “Maria é Rainha não só pela sua maternidade divina, mas também pela sua cooperação única na obra da Redenção”.
Sua realeza nos lembra que a santidade é acessível, guiada por uma Mãe que reina com misericórdia.
Oração a Nossa Senhora Rainha
Ó Maria, Rainha do Céu e da Terra, que reinais com vosso Filho Jesus Cristo, olhai com bondade para nós, vossos filhos peregrinos. Vós, que fostes coroada pela Santíssima Trindade, ensinai-nos a viver na humildade e na entrega, confiando na vossa intercessão materna. Protegei-nos das tempestades da vida e guiai-nos ao Reino eterno. Rainha dos Anjos e dos Santos, rogai por nós. Amém.