Ao professarmos o Credo, afirmamos a fé na Igreja una, santa, católica e apostólica.
Mas como essa Igreja se organiza na prática? Quem são os seus membros e como cada um participa da missão de Cristo?
O Catecismo recorda que:
“Os fiéis de Cristo, em razão do seu novo nascimento em Cristo, possuem a dignidade de filhos de Deus e estão incorporados na Igreja, tornando-se participantes, cada um a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo” (cf. CIC 871).
Assim, todos os batizados são chamados à santidade e à missão. Contudo, dentro desta comunhão, distinguem-se três formas fundamentais de vida: a hierarquia, os leigos e a vida consagrada.
A Hierarquia: serviço na caridade
A Igreja não é uma organização humana, mas uma realidade divina fundada por Cristo.
Ele mesmo confiou aos Apóstolos a missão de ensinar, santificar e governar em Seu nome. Esta missão continua nos seus sucessores: Papa, bispos, presbíteros e diáconos.
O Catecismo ensina:
“Entre os fiéis, pela instituição divina, existem os ministros sagrados, que no direito são também chamados clérigos; os outros chamam-se leigos” (CIC 873).
Estrutura da Hierarquia
- Papa – Sucessor de São Pedro, princípio visível da unidade da fé e da comunhão.
- Bispos – “Autênticos mestres da fé, pontífices e pastores” (CIC 888-896), guardam a doutrina e apascentam o rebanho.
- Presbíteros (padres) – Colaboradores próximos dos bispos, anunciam o Evangelho, administram os sacramentos e guiam comunidades.
- Diáconos – Ordenados “não para o sacerdócio, mas para o serviço” (CIC 875), atuam na caridade, na Palavra e na liturgia.
A hierarquia não é privilégio, mas serviço. Por isso, afirma o Catecismo:
“O ministério eclesiástico é, por inteiro, serviço” (CIC 876).
Os Leigos: santificar o mundo
Os leigos são chamados a viver a fé nas realidades temporais: família, trabalho, política, economia, cultura. Sua vocação é ser fermento de Cristo no coração do mundo.
“A vocação própria dos leigos é procurar o Reino de Deus, iluminando e ordenando todas as realidades temporais segundo Deus” (CIC 898).
Missão dos Leigos
- Sacerdotal – Oferecem a Deus a própria vida como sacrifício espiritual (cf. CIC 901).
- Profética – Evangelizam pela palavra e testemunho de vida (cf. CIC 905).
- Real – Trabalham por uma sociedade mais justa e vencem em si mesmos o poder do pecado (cf. CIC 908-909).
Os leigos são insubstituíveis, pois levam o Evangelho a ambientes onde o clero não chega. O Catecismo resume com clareza:
“É próprio dos leigos, por vocação, procurar o Reino de Deus tratando das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus” (CIC 898).
A Vida Consagrada: sinal do Reino
Além da hierarquia e dos leigos, a Igreja reconhece a beleza da vida consagrada, que não pertence à estrutura hierárquica, mas está profundamente unida a ela.
Os consagrados vivem os conselhos evangélicos – castidade, pobreza e obediência – como testemunho radical de seguimento a Cristo.
“O estado de vida consagrada aparece, assim, como uma das maneiras de viver uma consagração mais íntima, que radica no Batismo e se entrega totalmente a Deus” (CIC 916).
Formas de Vida Consagrada
- Ordem religiosa – monges, monjas, religiosos e religiosas que vivem em comunidade.
- Ordem das virgens e viúvas consagradas – entrega total a Cristo vivendo no mundo.
- Eremitas – vida de solidão e oração.
- Institutos seculares – consagrados que vivem no coração do mundo.
- Sociedades de vida apostólica – dedicadas a serviços e missões específicas.
A vida consagrada é uma profecia viva para a Igreja, lembrando a todos que a verdadeira pátria é o Céu.
As diferentes vocações
A Igreja é uma comunhão de vocações diferentes, mas complementares.
A hierarquia serve e guia, os leigos transformam o mundo pelo Evangelho, e os consagrados apontam para o Reino definitivo.
“Na Igreja há diversidade de ministérios, mas unidade de missão. Cristo confiou aos Apóstolos e seus sucessores o encargo de ensinar, santificar e governar em Seu nome e poder. Mas os leigos, tornados participantes do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, têm na Igreja e no mundo a sua parte no povo de Deus” (CIC 873).
Todos, sem exceção, são fiéis de Cristo, chamados a viver em santidade e anunciar, com a vida, a alegria do Evangelho.