São Carlo Acutis: a jornada do jovem que uniu fé e tecnologia no caminho da santidade

Redação VOTC

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São Carlo Acutis destaca-se como uma presença luminosa na história recente da Igreja Católica — um adolescente que transformou a vida cotidiana em um testemunho extraordinário de fé e amor a Deus.

Aos 12 anos, tornou-se catequista na paróquia Santa Maria Segreta, em Milão, dedicando-se com zelo ao acompanhamento de crianças e adolescentes.

Mesmo com uma vida breve, sua trajetória demonstra que a santidade é plenamente possível no mundo moderno — entre estudos, tecnologia e amizades — inspirando jovens e adultos a encontrar o sagrado no ordinário.

Neste artigo, reunimos 15 tópicos que traçam sua caminhada espiritual, incluindo detalhes sobre sua idade e missão, revelando a essência de um jovem cuja fé continua a tocar corações em todo o mundo.

 

1. O primeiro santo da geração millennial

Carlo Acutis, canonizado como São Carlo Acutis em 7 de setembro de 2025 pelo Papa Leão XIV, representa uma ponte entre a tradição católica e o mundo contemporâneo. 

Nascido em 3 de maio de 1991, em Londres, e falecido aos 15 anos em 12 de outubro de 2006, em Monza, Itália, ele é conhecido como o “influenciador de Deus” e “padroeiro da internet”. 

Sua canonização, celebrada na Praça de São Pedro com milhares de fiéis, marca-o como o primeiro santo da geração millennial – aqueles nascidos entre o início dos anos 1980 e meados dos 1990. 

Carlo viveu uma existência comum, marcada por videogames, estudos e amizades, mas elevou-a através de uma devoção inabalável à Eucaristia, afirmando: “A Eucaristia é a minha autoestrada para o céu.” 

Sua história não é de isolamento ascético, mas de engajamento ativo, usando a tecnologia para evangelizar e ajudar os necessitados.

 

2. Nascimento em Londres e retorno à Itália

A vida de Carlo começou em um cenário cosmopolita. 

Filho de pais italianos, Andrea Acutis e Antonia Salzano, ele veio ao mundo em 3 de maio de 1991, na capital britânica, onde o pai trabalhava no setor de seguros. Batizado em 18 de maio na Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Chelsea, com o avô paterno como padrinho e a avó materna como madrinha, Carlo passou seus primeiros meses em um ambiente de prosperidade familiar. 

Em setembro de 1991, a família retornou a Milão, Itália, onde o jovem cresceria imerso na cultura italiana. 

Esse movimento inicial simboliza o início de uma jornada que o levaria de uma infância urbana para uma espiritualidade profunda, influenciada pela herança católica de seu país natal.

 

3. Família e o despertar de uma fé inesperada

Proveniente de uma família abastada mas não particularmente devota, Carlo foi o catalisador de uma transformação espiritual em seu lar. 

Seus pais, Andrea e Antonia, priorizavam carreiras – o pai na indústria de seguros e a mãe em edição – e não frequentavam a igreja regularmente. 

No entanto, a curiosidade religiosa de Carlo, manifestada desde os três anos após a morte do avô materno Antonio Salzano, mudou isso. 

Ele sonhava com o avô e orava por ele, incentivando a mãe a retornar à fé. 

A família empregava Rajesh Mohur, um imigrante brâmane das Ilhas Maurício, que se converteu ao cristianismo graças às conversas com o menino, assim como outros membros de sua família. 

Essa influência mútua ilustra como Carlo, mesmo criança, irradiava uma santidade contagiosa, convertendo corações ao seu redor.

 

4. Educação em instituições tradicionais de Milão

Carlo frequentou escolas de prestígio em Milão, equilibrando estudos com interesses extracurriculares. 

Iniciou no Instituto San Carlo em setembro de 1997, transferindo-se em dezembro para o Instituto Marcelline Tommaseo, gerido pelas Irmãs de Santa Marcelina. 

No ensino médio, matriculou-se no Instituto Leone XIII, uma escola jesuíta. 

Aluno mediano, ele se destacava em ciência da computação, aprendendo sozinho linguagens como Java e C++. 

Tocava saxofone e limitava video games – como Halo, Mario e Pokémon – a uma hora por semana, temendo o vício. 

Com um tutor para deveres, Carlo mantinha uma rotina disciplinada, que o preparava para integrar fé e intelecto em sua vida diária.

 

5. O despertar espiritual e a primeira comunhão

Aos três anos, Carlo já demonstrava uma inclinação mística, pedindo para visitar igrejas e orando intensamente. 

Sua Primeira Comunhão ocorreu em 16 de junho de 1998, no convento de Sant’Ambrogio ad Nemus, em Milão, aos sete anos – uma exceção concedida pela diocese devido à sua maturidade espiritual. 

A partir daí, participava da Missa diariamente e da adoração eucarística, mesmo nos dias de estudo intenso, fazendo comunhão espiritual quando necessário. 

Sua crisma veio em 24 de maio de 2003, na Igreja de Santa Maria Segreta. 

Essa fase inicial moldou Carlo como um devoto precoce, cuja fé não era imposta, mas brotava de uma convicção interior.

 

6. Devoção à Eucaristia e práticas diárias de oração

O cerne da espiritualidade de Carlo era a Eucaristia, que ele via como o centro de sua existência. 

Recitava o rosário diariamente, confessava-se semanalmente e devotava-se a Nossa Senhora de Lourdes e Fátima, além de São Miguel Arcanjo e ao Anjo da Guarda. 

Oferecia pequenos sacrifícios pela reparação dos pecados e compartilhava histórias eucarísticas com amigos. 

Durante férias em Assis, absorvia a espiritualidade franciscana, valorizando a alegria, a contemplação e o respeito pela criação. 

Sua rotina de oração não era rígida, mas integrada à vida cotidiana, tornando-o um exemplo de santidade acessível.

 

7. Atividades como catequista e apoio aos necessitados

Aos 12 anos, Carlo tornou-se catequista na paróquia Santa Maria Segreta, em Milão, onde apoiava crianças e adolescentes. 

Defendia colegas com deficiências, ajudava amigos de pais divorciados e compartilhava sua mesada com os pobres das ruas milanesas. 

Sua bondade extrovertida o tornava popular, sem jamais ocultar sua fé. Ele via na caridade uma extensão natural de sua devoção, ajudando imigrantes e marginalizados, e promovendo valores cristãos em um ambiente secular. 

Essa fase revela Carlo como um apóstolo jovem, que transformava amizades em oportunidades de evangelização.

 

8. Paixão pela tecnologia e habilidades em informática

Aprendeu sozinho a criar sites e resolver problemas técnicos, ajudando familiares e amigos. 

Desenvolveu o site da paróquia Santa Maria Segreta e outro para voluntariado, vencendo o concurso nacional “Sarai volontario”. 

Limitando o tempo em jogos eletrônicos, ele direcionava sua energia criativa para ferramentas que promovessem a fé, demonstrando que a tecnologia pode ser um instrumento de santidade em vez de distração.

 

9. A criação da exposição sobre milagres eucarísticos

Uma das obras mais impactantes de Carlo foi o catálogo de milagres eucarísticos e aparições marianas, compilado em um site lançado em 4 de outubro de 2006, na Festa de São Francisco. 

Envolvendo a família no projeto, ele criou uma exposição itinerante, “Os Milagres Eucarísticos no Mundo”, traduzida para 18 idiomas e exibida em mais de 100 países. 

Apresentada em Roma e em seu colégio, a exposição inspirou eventos como a canonização de Francisco e Jacinta Marto em Fátima. 

Essa iniciativa eterniza Carlo como um evangelizador digital, cuja visão profética une fé e inovação.

 

10. Amor pela natureza e espiritualidade franciscana

Fascinado por Assis, Carlo adotou os ideais franciscanos durante as férias na cidade. 

Valorizava a paz, a proximidade com os necessitados e o respeito pela criação divina. 

Sua alegria contagiante e contemplação da natureza refletiam o espírito de São Francisco, integrando ecologia espiritual à sua devoção. 

Ele sonhava em peregrinar a locais de milagres eucarísticos e aparições marianas, planos interrompidos pela doença, mas que ecoam em seu legado como um santo ecológico e fraterno.

 

11. A doença e o oferecimento do sofrimento

Em outubro de 2006, Carlo foi diagnosticado inicialmente com parotidite, mas logo evoluiu para leucemia promielocítica aguda M3. 

Internado no Hospital San Gerardo, em Monza – um dos poucos centros especializados –, ele ofereceu seu sofrimento pelo Papa Bento XVI e pela Igreja. 

Recebeu a Unção dos Enfermos e enfrentou a dor com serenidade, consolando a mãe com palavras de esperança eterna. 

Essa provação transformou sua juventude em um testemunho de aceitação divina, elevando o ordinário ao heroico.

 

12. Morte e sepultamento em Assis

Carlo faleceu em 12 de outubro de 2006, às 6h45, aos 15 anos, no dia de Nossa Senhora Aparecida. 

Suas últimas palavras à mãe foram de conforto: “Mãe, não tenha medo. Desde que Jesus se fez homem, a morte se tornou a passagem para a vida.” 

Sepultado inicialmente em Ternengo, seu corpo foi transferido para Assis, conforme seu desejo, e exumado em 2019, encontrando-se conservado no Santuário do Despojamento. 

Essa jornada póstuma reflete sua afinidade com a humildade franciscana, tornando Assis um polo de peregrinação.

 

13. Processo de beatificação e o primeiro milagre no Brasil

Cinco anos após sua morte, surgiu a Associação “Amigos de Carlo Acutis” para promover sua causa. 

A investigação diocesana ocorreu de 2013 a 2016, e em 2018, o Papa Francisco declarou suas virtudes heróicas. 

O primeiro milagre, reconhecido em 2020, envolveu a cura de Matheus Vianna, uma criança brasileira de Campo Grande (MS), com pâncreas anular congênito. 

Em 2013, durante uma missa, o menino tocou uma relíquia de Carlo e foi curado, permitindo-lhe comer normalmente. 

Essa graça brasileira pavimentou sua beatificação em 10 de outubro de 2020, em Assis.

 

14. O segundo milagre e a canonização em 2025

O segundo milagre, aprovado pelo Papa Francisco, ocorreu em 2022, em Florença, Itália: a cura de Liliana, uma jovem costarriquenha que sofreu um grave traumatismo craniano após cair de bicicleta. 

Sua mãe rezou a Carlo, e a recuperação inexplicável foi reconhecida como intercessão divina. 

Esses eventos culminaram na canonização em 7 de setembro de 2025, presidida pelo Papa Leão XIV, na Praça de São Pedro, junto a Pier Giorgio Frassati. 

A cerimônia reuniu 70 a 80 mil pessoas, celebrando Carlo como santo universal.

 

15. Legado e influência no mundo contemporâneo

O legado de São Carlo Acutis perdura como inspiração para jovens, unindo fé, tecnologia e caridade. 

Sua exposição eucarística continua a viajar o mundo, e igrejas dedicadas a ele surgem, inclusive no Brasil. 

Como “santo da comunicação”, ele encoraja o uso ético da internet para o bem. 

Sua vida breve, mas plena, prova que a santidade é acessível a todos, convidando-nos a trilhar a “autoestrada para o céu” em meio ao caos moderno. 

Carlo não é um ícone distante, mas um companheiro de jornada, cuja história continua a converter corações globalmente.

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