100 anos de Cristo Rei: a celebração que nasceu para responder às crises do século XX

Redação VOTC

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Em 2025 celebramos o centenário da instituição da Festa de Cristo Rei, proclamada por Pio XI na encíclica Quas Primas. Cem anos depois, sua mensagem permanece surpreendentemente atual — talvez ainda mais urgente.

Nesta celebração, a Igreja recorda a verdade mais simples do Evangelho: Cristo é Rei. Rei não por metáfora, nem apenas no íntimo das consciências, mas Rei real, “sobre indivíduos, famílias e nações” — como afirma a encíclica.

Este artigo percorre o coração teológico dessa festa: sua origem, o sentido profundo da Realeza de Cristo, o que ela exige dos cristãos hoje e por que o centenário é uma oportunidade espiritual para reencontrar a autoridade amorosa do Senhor da História.

 

Quando o mundo esquecia Deus, a Igreja proclamou um Rei

A Festa de Cristo Rei nasceu em 1925, num cenário marcado por guerras, regimes totalitários, ateísmo político e crescente secularização.

Pio XI viu que o problema do mundo não era apenas político, mas espiritual: as sociedades haviam rejeitado o senhorio de Deus e buscavam construir a paz sem Cristo — e, portanto, sem fundamento.

Ele declara na encíclica que muitos agem “como se Cristo não tivesse qualquer autoridade sobre os assuntos públicos”.

Por isso, instituiu a festa para que o mundo inteiro recorde que a verdadeira ordem, a verdadeira paz e a verdadeira justiça só florescem sob o reinado de Cristo.

 

O coração da festa: Cristo Rei por direito, por conquista e por amor

A teologia de Quas Primas é alta, mas profundamente pastoral.
Pio XI recorda que Cristo é Rei por três motivos fundamentais:

Por natureza: Porque Ele é o Verbo eterno, “pelo qual todas as coisas foram feitas”.

Por conquista: Porque, pela cruz, Cristo resgatou o gênero humano: “Ele nos arrancou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do Filho de seu amor”.

Por amor: Um reinado que é dom, não tirania; serviço, não imposição; misericórdia, não violência.

Por isso Pio XI insiste que o Reino de Cristo é espiritual, mas não é meramente interior: ele alcança a ordem moral, social, familiar e política.

Cristo quer reinar em tudo — na inteligência, na vontade, na vida privada e na vida pública.

 

A Realeza de Cristo não um símbolo, mas uma realidade objetiva

Contra a tendência moderna de reduzir a fé ao privado, a encíclica declara claramente:

“Cristo é Rei não apenas de almas, mas também de famílias e de nações.”

Ou seja: Cristo não veio apenas consolar consciências; Ele veio restaurar a criação inteira, ordená-la ao Pai e estabelecer a verdadeira paz.

Por isso a Festa de Cristo Rei é proclamada no fim do ano litúrgico: ela aponta para o desfecho da história, quando o Senhor “entregará o Reino ao Pai”, reunindo todos os que viveram sob sua graça.

 

O Reino de Cristo, hoje: uma soberania que confronta o mundo

A encíclica foi escrita em 1925, mas poderia ter sido escrita em 2025.

Vivemos novamente tempos em que:

  • governa o relativismo moral,
  • a fé é tratada como assunto privado,
  • a identidade cristã é pressionada ao silêncio.

Celebrar Cristo Rei é afirmar que:

  • a verdade não muda com modas,
  • a moral não depende de votações,
  • a dignidade humana vem de Deus, não dos Estados,
  • a paz não nasce do consenso, mas do senhorio de Cristo.

Em outras palavras, a festa não é apenas litúrgica: é um posicionamento.

 

O que significa permitir que Cristo reine?

O reinado de Cristo começa no coração, mas não termina nele.

Pio XI descreve como Cristo deve reinar:

No intelecto: Acolher a verdade que Cristo revela; rejeitar erros contrários à fé.

Na vontade: Cumprir os mandamentos e ordenar os afetos segundo o Evangelho.

Na vida pública: Viver e testemunhar princípios cristãos na família, no trabalho, na cultura e na sociedade.

Na esperança: Reconhecer que Cristo governa a história mesmo quando tudo parece ruir.

Assim, o reinado de Cristo é simultaneamente interior, moral e civilizacional.

 

Por que celebrar o centenário da Festa de Cristo Rei?

Porque o mundo precisa novamente ouvir aquilo que a encíclica proclamou com força profética:

“Que o nome de Cristo seja reconhecido e honrado por todos.”

O centenário é ocasião para:

  • renovar a consciência de que pertencemos a um Rei,
  • reforçar a formação cristã para enfrentar ideologias contrárias à fé,
  • reavivar a devoção ao Sagrado Coração, centro do reinado de Cristo,
  • ensinar às famílias e jovens que Cristo é o eixo da vida e da história.

É também oportunidade para proclamar ao mundo — com caridade e coragem — que sem Cristo não existe paz estável.

 

Celebrar Cristo Rei é preparar o triunfo de Deus no mundo

Cem anos depois, a festa instituída por Pio XI continua a ser uma resposta à confusão moral e espiritual do nosso tempo.

Ela não é apenas memória, mas missão: levar Cristo a reinar profundamente nos corações, nas famílias e na cultura cristã.

Quando o cristão proclama “Viva Cristo Rei”, ele afirma duas certezas:

  1. A história tem um Rei.
  2. Esse Rei governa com amor, verdade e misericórdia.

E, por isso, a festa é sempre nova — e este centenário é um convite a permitir que Cristo reine plenamente em nós e através de nós.

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