Papa Francisco – 10 anos de pontificado

Nunca custa lembrar que o Papa Francisco é o vigário de Cristo, instituído neste mundo diretamente por seu poder. Cristo elege como seu primeiro vigário, o primeiro Papa, aquele a quem ninguém esperaria: Pedro.

“E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,18-19).

A ele Jesus deu todo o poder na Igreja para “confirmar os irmãos na fé” (Lc 22,32). A isto chamamos de “múnus” (Função, Missão) “Petrino”.

O tempo passa sobremaneira. Não é negociável.

Já se vão dez anos de Pontificado, herdado a partir de seu antecessor que foi ninguém menos do que o maior Teólogo que este século conheceu, e que agora contempla a face de Cristo: Bento XVI.

O Papa Francisco herda o trono de Pedro, anunciado pela fumaça branca na chaminé do Vaticano em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI. Muitas são as especulações sobre a desistência de Bento XVI, porém neste texto não abordaremos o tema. Quem sabe em uma próxima oportunidade.

Aqui estamos para falar dos desafios (que não são poucos, nem simples) enfrentados pelo Papa Francisco durante uma década e como ele os enfrentou e enfrenta, até nos causando um frio na barriga…

Seus antecessores como Bento XVI, João Paulo II (Santo), Joao Paulo I, Paulo VI, Joao XXIII entre outros deixaram ao mundo um legado importantíssimo em documentos e enfrentaram com firmeza torrentes de críticas, crises pastorais e econômicas enfim, desafios de Santos.

E Francisco segue em sua caminhada, com saúde frágil, mas com o vigor e humor característicos do povo Argentino.

O que você encontrará neste artigo:

13 de março de 2013: “Habemus Papam”
As ações iniciais
O Caminho de Francisco.
As viagens Apostólicas e Pastorais
A Saúde debilitada
As polêmicas
Sucessão a vista?
O Futuro

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13 de março de 2013: “Habemus Papam”.

Era uma noite fria. E surge a tão esperada fumaça branca na chaminé do Vaticano.

“Habemus Papam!” grita uma pessoa na praça de São Pedro. Minutos depois vem a público, na varanda da basílica de São Pedro, o novo Papa: Despido dos característicos ornamentos litúrgicos, sorriso no rosto, o Cardeal Argentino Jorge Bergoglio é apresentado como o sucessor do trono de Pedro, eleito pelo colégio Cardinalício reunido em Roma.

O seu nome pontifical fora escolhido a dedo: “Francisco” e que irá representar qual será sua linha de ação e pensamento. Jesuíta, com linguagem aberta e direta, propõe mudanças desde cedo nas estruturas da Igreja.

Se identifica, em suas palavras, com aqueles “pastores com cheiro das ovelhas” para que os fiéis entendam que, quando diz que a Igreja está “em saída”, não se trata de um simples eufemismo ou rótulo mas que sim, serão valorizadas as ações pastorais que atingem o mais distante rincão da Terra.

As ações iniciais

Desde o primeiro momento em sua nova missão, Francisco dá início a ações que causaram espanto, como por exemplo a reforma econômica dos órgãos da Cúria. Ele criou um Conselho especializado assim como uma Secretaria de Economia para que atuassem como órgãos reguladores e controladores das finanças do Vaticano.

Idem quanto a criação do seleto grupo “C9”, um conselho formado de pessoas de sua confiança (Cardeais) cujo objetivo é promover profundas reformas no que diz respeito aos assuntos institucionais da Cúria.

O Caminho de Francisco.

O Caminho escolhido por Francisco tem um fundo de imitação de Cristo. Ele carrega em um estilo de liderança que beira o profetismo e servilismo que causa espanto em sua simplicidade propondo um diálogo com todo o mundo. Porém, este mesmo diálogo ocorre de maneira confusa com a tradição e as necessidades daquela Igreja que conta com mais de 2000 anos de existência. O modelo da liderança humilde de Francisco é mais complexo do que se imagina.

Exige ampliação da consciência, reposicionamento da própria Igreja diante do mundo e dos seus problemas.

Por outro lado, não se sabe se a Igreja estava preparada para uma ruptura tão grande a ponto de receber com certo espanto a limitação do exercício da missa de rito extraordinário (leia-se Missa Tridentina) como orientado nos documentos “Traditiones Custodes” e “Desiderio desideravi” e por outro lado, ser cuidadosa com a possibilidade de um novo cisma protagonizado pelos episcopado Alemão em flagrante desobediência à Santa Sé.

As viagens Apostólicas e Pastorais

O Papa Francisco, nestes dez anos de pontificado, fez diversas viagens, muitas com o objetivo de propagar a fé em locais mais distantes. Ressalta-se a sua viagem ao Sri Lanka e às Filipinas em 2015. Nesta ocasião, na capital Filipina, o Papa celebrou uma missa para mais de 6 milhões de pessoas, que ficou registrado como a maior celebração (em número de fiéis) que a Igreja já teve.

Em 2017, em sua viagem apostólica ao México, reuniu mais de 10 milhões de pessoas em suas celebrações, segundo a Conferencia do Episcopado Mexicano. No mesmo ano visita o Santuário de Nossa Senhora de Fátima por ocasião do centenário das aparições da Virgem na Cova da Iria. Ali, canonizou Santa Jacinta e São Francisco Marto, dois dos três pastorinhos presentes nas aparições.

No ano de 2018, visita Chile e Peru. Neste mesmo ano esteve em missão na Suíça, na Irlanda por ocasião do Encontro Mundial das Famílias, assim como também na Lituânia, Letônia e Estônia.

O Sumo Pontífice também empreendeu uma viagem aos Emirados Árabes Unidos, tornando-se o primeiro Pontífice a visitar o país. Naquela ocasião, assinou com o Grão-Imã de Al-Azhar uma “Declaração Comum sobre a Fraternidade Humana”.

Além de outras viagens, saltou aos olhos sua viagem de “Penitência” ao Canadá, no ano de 2022. Com a saúde já debilitada (joelho com grave artrose), em diversas celebrações o Santo Padre pediu perdão em nome da Igreja Católica pelo abuso que crianças indígenas sofreram em escolas administradas por padres e freiras nas últimas décadas, em colégios católicos.

A Saúde debilitada

A responsabilidade da missão Papal cobra um alto preço.

O Papa nos últimos anos apresentou problemas ortopédicos no joelho direito (osteoartrite) que o obrigaram, inclusive, a utilizar suporte de cadeira de rodas.

Já submetido a extração de um dos pulmões em sua juventude, também passou por uma intervenção cirúrgica na vesícula Biliar e, em 2019, fez uma cirurgia de catarata. Já em 2021, foi operado na região intestinal para correção de um problema no cólon (diverticulite).

Em suas aparições é possível ver seu andar tropego, dificultado por ter os pés chatos, e estreiteza no espaço intervertebral entre a quarta e a quinta vértebras lombares, e entre esta e o osso sacro, segundo o sumo pontífice.

As polêmicas

Aqui entra o ponto principal de nossa conversa.

Apesar de promover um amplo diálogo entre várias camadas da sociedade, católica ou não, o Vaticano hoje flerta com situações que deixam os fiéis preocupados, por assim dizer.

O Pontificado de Francisco vem sendo alvo de diversas críticas, partindo de dentro e de fora da Igreja, em relação a decisões (ou omissões) que se mostram polêmicas. Não se trata de julgar as atitudes, mas de observa-las com a frieza e discernimento necessários à luz da sabedoria de dois mil anos de existência para que o entendimento destas ações não seja orientado ao sedevacantismo, condenado pela própria igreja.

Aborto na Argentina.

Em 30 de Dezembro de 2020, foi aprovada a lei que institui que o aborto até a 14ª semana de gestação faz parte do Programa Médico Obrigatório (PMO) do sistema de saúde público da Argentina, o que significa que ele deve ser feito de forma gratuita, sem mediação de autoridades ou necessidade de justificação.[fonte: gazeta do povo]

O Papa, de origem Argentina (daí o incômodo popular), foi injustamente acusado pela mídia de não ter se posicionado. Isto não é verdade.

Há pelo menos uma dúzia de documentos onde Francisco se posiciona radicalmente contra o aborto. O que ocorre é que esperava-se que Francisco emitisse manifestações efetivas dirigidas ao governo Argentino em repudio a esta decisão.

Porem ele já havia se manifestado anteriormente para que fosse criado na consciência dos Argentinos, especialmente no congresso, o significado deste ato horrendo. Mas o governo socialista fez ouvido de mercador às falas do Papa e condenou a morte milhares de inocentes.

Lutero no Vaticano.

Em 14 de outubro de 2016, a Imagem de Martinho Lutero é entronizada no Vaticano. Lá o Papa recebe mais de 1000 peregrinos luteranos e confirma sua presença nas Celebrações dos 500 anos da Reforma Protestante, a ocorrer em 2017. Apesar da motivação ser o diálogo inter-religioso ecumênico, este fato causou desconforto na base episcopal da igreja justamente por ser dada uma concessão nunca antes percebida na Igreja Católica. Lembra-se que

Patchamama.

Também é difícil de esquecer o caso da “Patchamama”, nos jardins do Vaticano em 2019. Ali, em pleno território Cristão Católico, realizou-se uma cerimônia de caráter religioso, com participação de autoridades eclesiásticas na presença de um ídolo pagão, como declarado no comunicado de imprensa do Vaticano de 4 de outubro de 2019:

“Durante a cerimônia de oração que encerrou a iniciativa ‘Tempo da Criação’, recentemente promovida pelo Papa Francisco, foi plantada uma árvore de Assis como símbolo da ecologia integral, para consagrar o Sínodo da Amazônia a São Francisco, no próximo 40º aniversário da proclamação papal de Poverello de Assis como padroeiro dos amantes da ecologia. No final do ato, o Papa rezou o Pai Nosso. Representantes dos povos indígenas da Amazônia, frades franciscanos e vários representantes da Igreja participaram da cerimônia.” (fonte: IPCO)

Como dizia o Papa emérito Bento XVI, em seu ensaio “Os novos pagãos e a Igreja”:

“O paganismo hoje está na própria igreja, e é isso que caracteriza a Igreja de nossos dias, bem como o novo paganismo, de que é um paganismo na Igreja e uma Igreja em cujo coração vive o paganismo”.

O Caminho Sinodal Alemão: O princípio de um novo Cisma?

Vem sendo noticiada de forma ampla na mídia, a desobediência protagonizada pelo caminho sinodal alemão que anuncia a benção a união de casais homoafetivos, propõe a ordenação de mulheres e se declara a favor de que sejam ordenados homens casados, em uma clara intenção de rompimento com a Igreja de Cristo.

De forma extremamente paciente, o Vaticano parece deixar a corda esticar até que se rompa…ou que se afrouxe. A Dúvida do que sairá como resultado desta situação causa temor, tristeza e revolta naquele que Bento XVI chamou de “Novo povo de Deus”.

Este é o problema: A dúvida. Faz falta uma posição definitiva e enérgica que desencoraje movimentos similares (como os que estão acontecendo nos sínodos da Espanha, França, Canadá), desafiar a Santa Sé.

Deus é misericórdia…e justiça

Padres casados??

E ainda mais recentemente, surge mais uma fumaça na Igreja.

O Papa, alguns dias atrás em uma entrevista a um repórter Argentino, acena positivamente ao conterrâneo quanto a sua pergunta de que “se seria possível o Vaticano revisar o celibato sacerdotal”.

“Sim, sim. Na verdade, todos na Igreja oriental são casados. Ou aqueles que querem. Lá eles fazem uma escolha. Antes da ordenação, há a opção de casar-se ou ser celibatário”

E ainda completa:

“Não há nenhuma contradição na possibilidade de um sacerdote casar-se. O celibato na Igreja ocidental é uma prescrição temporal: não sei se isso está estabelecido de uma forma ou de outra, mas é temporal nesse sentido”

Posição diferente daquela de janeiro de 2019, onde o Santo Padre disse: “Pessoalmente, acho que o celibato é um presente para a Igreja. Eu diria que não concordo em permitir o celibato opcional, não“. Naquela ocasião, o sucessor de Pedro acrescentou que achava que havia espaço para considerar algumas exceções para clérigos casados no rito latino “quando houver uma necessidade pastoral” em locais remotos devido à falta de padres, como nas ilhas do Pacífico. (Fonte: ACIDigital)

Sucessão a vista?

Em 18 de dezembro de 2022, a mídia ventilou uma informação de que o Papa assinou uma carta de renúncia na eventualidade de que seus problemas de saúde o impedissem de liderar a Igreja. Esta informação veio de uma entrevista concedida ao Jornal espanhol ABC (“He firmado ya mi renuncia en caso de impedimento médico”)

A Igreja questiona agora quem será o sucessor de Francisco. De fato, as verdadeiras manobras para um novo conclave já tiveram seu início. Neste momento, o Santo Padre segue alterando o colégio cardinalício e já designou 65% dos nomes que definirão o próximo papa.

O Santo Padre já acena para futuros eventos importantes, como uma reunião de bispos para discutir o futuro da Igreja.

O Futuro

O Papa é o eleito pelo colégio Cardinalício, diretamente inspirado pelo espírito Santo para que conduza com graça a igreja do Senhor. É nossa missão rezarmos firmemente pela Igreja e pelo Papa para que o discernimento do espírito recaia sobre ele e sobre o seu múnus para que a Igreja, unida na mesma fé, não sucumba frente as tormentas causadas de forma sorrateira pelo inimigo da Igreja de Cristo: Satanás.

São Tomás de Aquino, Doutor da Igreja, nos exorta a confiar plenamente em Deus quanto ao primado de Pedro ser conduzido de forma inspirada:

“O erro daqueles que pretendem que o vigário de Jesus Cristo, o Pontífice de Roma, não tem o primado na Igreja universal parece-se com o daqueles que pretendem que o Espírito Santo não procede do Filho. Pois Cristo Jesus, Filho de Deus, consagra a sua Igreja e marca-a com o sinal do Espírito Santo, como do Seu carácter e selo, o que é manifesto nos escritos dos Padres que citámos antes. Temos agora de provar, pela autoridade dos Padres gregos que esse Vigário de Jesus Cristo possui a plenitude da piedade sobre toda a Igreja”

Rezemos pela Igreja. Rezemos pelo Papa.

Ad Maiorem Dei Gloriam

fontes:

https://www.cnbb.org.br/10-anos-pontificado-papa-francisco/